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Vasant Pañcamī - A celebração da Senhora da Harmonia, do Discurso, do Conhecimento e das Artes.

  • Foto do escritor: Yuri Wolf
    Yuri Wolf
  • 29 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura

Neste dia 28/01 foi celebrado a Vasanta Pañcamī, conhecida também como Sarasvatī Pūjā, na qual é celebrada a glória de Śrī Śrī Sarasvatī.


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Trata-se da altíssima deusa hindu do conhecimento e da sabedoria, das artes e da música, do ensino e do aprendizado. Consorte de Śrī Brahmā, é sua contraparte feminina, a śakti (potência energética) da criação do Universo. Juntamente com Śrī Lakṣmī (contraparte de Śrī Viṣṇu) e Śrī Pārvatī (consorte de Śrī Śiva), forma a Tridevī – versão feminina da Trimūrti, a Trindade Suprema do panteão hindu.

Sendo então uma das Grandes Mães do hinduísmo, personifica as leis que regem o Universo e sua sublime harmonia, cuja ausência, tanto no micro quanto no macrocosmos, é identificada com o desequilíbrio e a instabilidade.


Seu nome, em sânscrito, é composto por “sāra” (essência) + “sva” (do ser), podendo ser livremente traduzido como “aquela que conduz ao autoconhecimento”, a mais elevada das metas espirituais.


Ainda dentro da etimologia, a Senhora Sarasvatī também está ligada ao termo surasa-vati, “aquela abundante em água, que flui”, e dá nome a um importante rio no vale do Indo, hoje extinto. Remete ao conhecimento, que também flui do guru ao sādhaka (o aspirante espiritual), e que não pertence à ninguém, mas sim a todos que nele se banham. Igualmente como a água purifica, o conhecimento também o faz. Assim, ao banhamo-nos nas águas do conhecimento, removemos a ignorância.


Sentada sobre um lótus branco e vestida num sārī da mesma cor, representa a pureza de uma mente estabelecida em sattvaguṇa (o modo da bondade), indispensável condição para que o conhecimento se desenvolva em sabedoria dhármica.


Em suas mãos, carrega os Vedas, representando todo o conhecimento cósmico, uma japamālā, que remete a bhakti (processo devocional, usualmente realizado por meio da entoação de mantras), e uma vīṇā, instrumento cujo domínio demanda grande disciplina e dedicação – em alusão aos esforços que o sādhaka deve realizar na busca pelo verdadeiro Eu no processo de iluminação. Haṃsa (o ganso), é sua montaria e representa viveka, a virtude de discernir entre o que é eterno e o que é impermanente. Mayūra, o pavão, representa a beleza divina das artes e, pelo fato de Śrī Sarasvatī não estar montada no mesmo, representa também a transcendência do ego.


Śrī Sarasvatī é a Senhora do Discurso (Vāgdevī). É a fonte da língua sânscrita, de toda a música e dos mantras. Através destes, preencheu o Universo com prāṇa (a energia vital), viabilizando a organização e o refinamento da criação, tornando-se a sabedoria de seu companheiro cósmico.


Assim, personifica da linguagem, cuja natureza pulsante (spanda) produz a palpabilidade da cognição, permitindo que o imanifesto transcendental (a pura consciência cósmica) manifeste-se. Portanto, ao passo de que a criação de Śrī Brahmā dá origem a diamantes brutos, ela é a responsável, através da Luz Divina do Conhecimento (jñanaśakti), por lapidar estas centelhas divinas obscurecidas pelo véu de māyā – a potência ilusória que permeia o plano material, que cria a noção de diferenciação entre as consciências individuais, afastando-as da realização da unidade universal.


Invocações mântricas


श्रीसरस्वती श्लोक​

Śrī Sarasvatī śloka – verso para a boa absorção do conhecimento, deve ser recitado antes do início dos estudos


सरस्वति नमस्तुभ्यम्

वरदे कामरूपिणि । विद्यारम्भम् करिष्यामि

सिद्धिर्भवतु मे सदा ॥

sarasvati namastubhyam

varade kāmarūpiṇi । vidyārambham kariṣyāmi

siddhir-bhavatu me sadā ॥


Reverências à Śrī Sarasvatī,

Ó, concessora das bênçãos, Aquela que realiza os desejos ।

Estou iniciando meus estudos,

Que eu alcance a realização, sempre ॥


गायत्री gāyatrī – métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades


ॐ वाग्देव्यै च विद्महे

कामराजायै धीमहि ।

तन्नो वाणी प्रचोदयात् ॥


auṃ vāgdevyai ca vidmahe

kāmarājāyai dhīmahi ।

tanno vāṇi pracodayāt ॥


Contemplamos a Senhora do Discurso

Meditamos na soberana dos desejos ।

Reverenciamo-nos à Eloquente, para que nos ilumine com sabedoria ॥


बीजमन्त्र bījamantra – contém a sílaba mística raiz da Deidade, para ser repetido 108 vezes na contagem da japamālā


ॐ ऐं सरस्वत्यै नमः

auṃ aiṃ sarasvatayai namaḥ

Reverencias Àquela que nos guia para a essência do autoconhecimento.


Sobre o bīja “aiṃ”:

aiṃ: sílaba seminal de força feminina que concentra toda o aspecto criativo da força de Śrī Sarasvatī. No âmbito sutil, rege o desenvolvimento espiritual.


Todas as Glórias à Śrī Śrī Sarasvatī!


Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,

Yuri D. Wolf

सङ्कटमोचन

 
 
 

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