Śrī Kālī Caturdaśī - A celebração da Senhora do Tempo e da Escuridão
- Yuri Wolf
- 26 de out. de 2019
- 8 min de leitura

শ্রী রামকৃষ্ণ পরমহংস প্রণাম
Śrī Bhagavan Rāmakṛṣṇa Paramahaṁsa Praṇāma
Respeitosa reverência ao excelso Rāmakṛṣṇa Paramahaṁsa, grande devoto da Senhora do Tempo e da Escuridão

ঔং স্থাপকায চ ধর্মস্য সর্ব-ধর্ম-স্বরূপিণে । অবতারবরিষ্ঠায রামকৃষ্ণায তে নমঃ ॥
ঔং নমঃ শ্রী ভগবতে রামকৃষ্ণায নমো নমঃ ॥
ঔং নমঃ শ্রী ভগবতে রামকৃষ্ণায নমো নমঃ ॥
ঔং নমঃ শ্রী ভগবতে রামকৃষ্ণায নমো নমঃ ॥
oṃ sthāpakāya ca dharmasya sarva-dharma-svarūpiṇe ।
avatāra-variṣṭhāya rāmakṛṣṇāya te namaḥ ॥
oṃ namaḥ śrī bhagavate rāmakṛṣṇāya namo namaḥ ॥
oṃ namaḥ śrī bhagavate rāmakṛṣṇāya namo namaḥ ॥
oṃ namaḥ śrī bhagavate rāmakṛṣṇāya namo namaḥ ॥
"Saudações a Você, Rāmakṛṣṇa, o estabelecedor do dharma, a personificação de todas as religiões, a perfeição entre os avatāras.
Saudações e mais saudações ao Venerável Senhor Rāmakṛṣṇa!"
No dia de hoje é celebrada a altíssima Śrī Kālī Caturdaśī (ou Chaudas), que antecede a celebração final do Festival das Luzes, o famoso Dīpavali (ou Diwali).
॥श्रीकालिकाष्टकम्॥
॥ śrī kālikāṣtakam॥
Octeto d’Aquela que possui a tez preta.
ध्यानम्
dhyānam
Meditação (introdução do poema que descreve a forma na qual a deidade de ser visualizada)
गलद्रक्तमुण्डावलीकण्ठमाला महोघोररावा सुदंष्ट्रा कराला। विवस्त्रा श्मशानालया मुक्तकेशी महाकालकामाकुला कालिकेयम्॥१॥
galad-rakta-muṇḍā-valī-kaṇṭha-mālā
mahoghora-rāvā sudaṃṣṭrā karālā ।
vivastrā śmaśānālayā mukta-keśī
mahā-kāla-kāmākulā kālikeyam ॥1॥
[Reverências Àquela de tez preta – Kālikā] cujo pescoço ostenta uma guirlanda de cabeças das quais pinga sangue; ela produz um som terrível, revelando seus grandes dentes, e possui aparência extremamente terrível de se olhar.
Ela está sem roupas e residindo no campo de cremação; seu cabelo está solto e livre [como toda a sua aparência]; todo o seu ser está manifestando o grande anseio de se fundir com Mahākāla [o senhor do tempo, para levar os devotos além do saṃsara]; Ela é Kālikā, a Grande Deusa das Trevas. (1)
भुजेवामयुग्मे शिरोऽसिं दधाना वरं दक्षयुग्मेऽभयं वै तथैव। सुमध्याऽपि तुङ्गस्तना भारनम्रा लसद्रक्तसृक्कद्वया सुस्मितास्या॥२॥
bhujevāmayugme śiro'siṃ dadhānā
varaṃ dakṣayugme'bhayaṃ vai tathaiva ।
sumadhyā'pi tuṅgastanā bhāranamrā
lasadraktasṛkkadvayā susmitāsyā ॥2॥
[Reverências Àquela de tez preta – Kālikā] com o par esquerdo de mãos, ela segura uma cabeça e uma espada [símbolos da morte], e de maneira semelhante com o seu par direito de mãos, ela está sustenta as mudrās (gestos manuais) vara (bênçãos) e abhaya (destemor) [a garantia de levar os devotos para o mundo além da morte].
Seu torso médio forte é ligeiramente curvado com o peso de seus grandes seios, seu par de lábios brilha em vermelho [a cor do sangue], e do canto dos mesmo há um belo sorriso [da morte]. (2)
शवद्वन्द्वकर्णावतंसा सुकेशी लसत्प्रेतपाणिं प्रयुक्तैककाञ्ची। शवाकारमञ्चाधिरूढा शिवाभिश् चतुर्दिक्षुशब्दायमानाऽभिरेजे॥३॥
śavadvandvakarṇāvataṃsā sukeśī
lasat-preta-pāṇiṃ prayuktai-kakāñcī ।
śavākāramañcādhirūḍhā śivābhiś
catur-dikṣu-śabdā-yamānā'bhireje ॥3॥
[Reverências Àquela de tez preta – Kālikā] seus brincos ostentam cadáveres e ela possui um lindo cabelo longo, seu cinturão brilhante é composto por mãos decepadas de cadáveres.
Ela está montada em uma plataforma dos cadáveres e de todas as quatro direções chacais uivam [e no meio de tudo isso está Kālikā, a Grande Deusa das Trevas]. (3)
स्तुतिः
Stutiḥ
Louvor
विरञ्च्यादिदेवास्त्रयस्ते गुणास्त्रीन् समाराध्य कालीं प्रधाना बभूबुः। अनादिं सुरादिं मखादिं भवादिं स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः॥१॥
virañcyādidevāstra-yaste guṇāstrīn
samārādhya kālīṃ pradhānā babhūbuḥ ।
anādiṃ surādiṃ makhādiṃ bhavādiṃ
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥1॥
[Reverências Àquela de tez preta] Virañci (Śrī Brahmā) e os outros Devas da trindade, recorrendo aos guṇas (três qualidades cósmicas) e igualmente considerando Kālī como seu ārādhya (a deidade que deve ser adorada), a tornaram a chefe entre os deuses.
Você não tem princípio, é a fonte de todos os Devas [o Poder Primordial que dá a luz aos deuses], de todos os sacrifícios [o Poder Primordial para o qual todas as oblações sacrificiais], de todos os mundos [o Poder Primordial dando origem aos mundos],
Nem mesmo os Devas conhecem sua natureza transcendental. (1)
जगन्मोहनीयं तु वाग्वादिनीयं सुहृत्पोषिणीशत्रुसंहारणीयम्। वचस्तम्भनीयं किमुच्चाटनीयं स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः॥२॥
jagan-mohanīyaṃ tu vāg-vādinīyaṃ
suhṛtpoṣiṇī-śatru-saṃhāraṇīyam ।
vac-astambhanīyaṃ kim-uccāṭanīyaṃ
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥2॥
[Reverências Àquela de tez preta] Você é o poder que encanta os mundos, e (o que mais), é o poder que proclama o próprio discurso, o poder que nutre o bom coração e o poder que destrói os inimigos.
Você é o poder que pode suprimir o Discurso e o poder que pode erradicar a fala em si [e assim destruir o vaidoso orgulho dos inimigos],
Nem mesmo os Devas conhecem sua natureza transcendental. (2)
इयं स्वर्गदात्री पुनः कल्पवल्ली मनोजास्तु कामान् यथार्थं प्रकुर्यात् । तथा ते कृतार्था भवन्तीति नित्यं स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः ॥३॥
iyaṃ svarga-dātrī punaḥ kalpa-vallī
manojāstu kāmān yathārthaṃ prakuryāt ।
tathā te kṛtārthā bhavantīti nityaṃ
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥3॥
[Reverências Àquela de tez preta] que pode conceder o próprio céu [grande prosperidade], e como uma árvore que preenche os desejos, pode cumprir estes desejos nascidos na mente que são proferidos com verdadeira devoção. Assim, o mundo lhe é sempre grato.
Nem mesmo os Devas conhecem sua natureza transcendental. (3)
सुरापानमत्ता सुभक्तानुरक्ता लसत्पूतचित्ते सदाविर्भवत्ते। जपध्यानपूजासुधाधौतपङ्का स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः॥४॥
surā-pānamattā subhaktānuraktā
lasat-pūta-citte sadā-virbhavatte ।
japa-dhyāna-pūjā-sudhā-dhauta-paṅkā
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥4॥
[Reverências Àquela de tez preta] que obtém grande prazer ao beber a surā [bebida espirituosa que remete à felicidade transcendental], e está satisfeita cos devotos sinceros. Ela sempre se manifesta dentro do coração que brilha com pureza.
Coração este que é purificado das impurezas pelo néctar de japa (repetição dos nomes de Deus), dhyāna (meditação) e pūjā (adoração).
Nem mesmo os Devas conhecem sua natureza transcendental. (4)
चिदानन्दकन्दं हसन् मन्दमन्दं शरच्चन्द्रकोटिप्रभापुञ्जबिम्बम्। मुनीनां कवीनां हृदि द्योतयन्तं स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः॥५॥
cidānanda-kandaṃ hasan manda-mandaṃ
śaraccandra-koṭi-prabhā-puñja-bimbam ।
munīnāṃ kavīnāṃ hṛdi dyotayantaṃ
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥5॥
[Reverências Àquela de tez preta] que é uma nuvem dentro do céu da consciência e bem-aventurança espiritual, fazendo- se ser sentida por sorrir gentilmente.
Sua forma é como a Lua no céu do outono, que Reflete os Milhões de Raios contidos nela; os sábios e os iluminados sentem a sua presença dentro das cavernas de seus corações,
Nem mesmo os Devas conhecem sua natureza transcendental. (5)
महामेघकाली सुरक्तापि शुभ्रा कदाचिद् विचित्राकृतिर्योगमाया। न बाला न वृद्धा न कामातुरापि स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः॥६॥
mahā-megha-kālī suraktāpi śubhrā
kadācid vicitrā-kṛtir-yogamāyā ।
na bālā na vṛddhā na kāmā-turāpi
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥6॥
[Reverências Àquela de tez preta] que é negra como a grande nuvem e também vermelha escura, e novamente branca, e que assume várias formas através de sua yogamāyā (a magia cósmica da manifestação material). Você não é nem uma menina pequena, nem uma mulher velha, ou então uma mulher de meia idade cheia de desejos sensuais. Nem mesmo os Devas conhecem sua natureza transcendental. (6)
क्षमस्वापराधं महागुप्तभावं मया लोकमध्ये प्रकाशिकृतं यत्। तव ध्यानपूतेन चापल्यभावात् स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः॥७॥
kṣama-svāparādhaṃ mahā-gupta-bhāvaṃ
mayā loka-madhye prakāśi-kṛtaṃ yat ।
tava dhyāna-pūtena cāpalyabhāvāt
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥7॥
[Reverências Àquela de tez preta] por favor, perdoe meu erro [se houver], [porque] sua grande natureza oculta me foi revelada por meio do mundo material.
Esta [sua natureza oculta] me foi revelado pela natureza infantil [dentro de mim], que foi purificada pela meditação em Você.
Nem mesmo os Devas conhecem sua natureza transcendental. (7)
यदि ध्यानयुक्तं पठेद् यो मनुष्यस् तदा सर्वलोके विशालो भवेच्च । गृहे चाष्टसिद्धिर्मृते चापि मुक्तिः स्वरूपं त्वदीयं न विन्दन्ति देवाः ॥८॥
yadi dhyāna-yuktaṃ paṭhed yo manuṣyas
tadā sarva-loke viśālo bhavecca ।
gṛhe cāṣṭa-siddhir-mṛte cāpi muktiḥ
svarūpaṃ tvadīyaṃ na vindanti devāḥ ॥8॥
Se alguma pessoa lê isso com devoção meditativa, então ela se tornará grande em todos os mundos. Enquanto viver neste mundo, ele receberá os oito siddhis (poderes ióguicos), e depois da morte ele alcançará a liberação.
Mesmo os Devas não conhecem sua natureza transcendental. (8)
॥इति श्रीमत्शङ्कराचार्यविरचितं श्रीकालिकाष्टकं सम्पूर्णम्॥
॥ iti śrīmat-śaṅkarācārya-viracitaṃ śrī-kālikāṣṭakaṃ sampūrṇam ॥
Aqui se completa o octeto d’Aquela que possui a tez preta, composto pelo excelso Śaṅkarācārya.
Conforme previamente destrinchado em postagem anterior, o desenvolvimento do culto à Devī, o aspecto feminino de Deus, se deu a partir de uma longa transformação de mais de 4.000 anos, através do hinduísmo védico pré-budista – onde os rituais (sacrifícios, austeridades) em si eram mais importantes do que as Deidades – à fase purāṇica pós-budista, quando o processo devocional (bhakti) tornou-se o pilar central da cultura.
Assim, após breve contextualização do processo de evolução cultura da Índia descrito aqui, podemos abordar o "conceito de Kālī" com mais clareza.
O "conceito de Kālī" é mais antigo do que o nome e a figura que conhecemos atualmente. Na região do vale do já extinto rio Sarasvatī, há registros de um conceito de conflito da dualidade entre o selvagem e o domado há mais de 4.000 anos.
Nos textos védicos, enxergamos referências de Śrī Kālī em Nirṛti – "aquela que destrói ṛti”, os ritmos usuais da natureza. É a ancestral deusa escura como carvão e descabelada que personifica o desconforto da humanidade diante da face obscura da Natureza.

Ligada à direção do sul, menos auspiciosa, tradicionalmente identificada com Yama, deus da morte, é indicada como uma das versões “primitivas” de Śrī Kālī, que possui uma representação registrada posteriormente como Dakṣiṇakālī (que pode ser livremente traduzido como “a que vem do sul”).
Referências sobre Sua origem também foram registradas nas Upaniṣads e relacionam-Na uma das sete línguas de Śrī Agni, deus do fogo, que atua nos campos de cremação.
O Liṅga e o Skanda Purāṇas relatam o episódio em que Śrī Śiva pede pela intervenção de Śrī Pārvatī para matar um demônio, Daruka, que só poderia ser derrotado por uma mulher. Assim, Ela entra no corpo do Senhor Mahādeva, ingerindo um veneno que repousava em sua garganta e transforma-se em Bhadrakālī (literalmente, “boa Kālī”). Após sua vitória, ainda intoxicada com o veneno e todo o sangue consumido, a Senhora da Escuridão teve de ser acalmada por seu Companheiro, que se coloca sob seus pés, conforme conhecida iconografia.
No śaktismo tântrico, é Ādimahāvidyā, a deidade presidente de um grupo de dez deusas, expansões de sua Natureza Última, e que representam diferentes aspectos da sabedoria divina, Daśamahāvidyā (algo como “as dez faces do grande conhecimento”):
· Kālī: O Brahman Supremo, nirguṇa (que transcende qualidades e formas), o implacável tempo, que tudo devora;
· Tārā: aquela que guia através das dificuldades;
· Tripura Sundarī: a amável senhora dos três mundos;
· Bhuvaneśvarī: a mãe suprema cujo corpo é o próprio Cosmos;
· Chhinnamastā: a deusa que se auto-decapita (que alimenta e elimina o ego);
· Bhairavī: a deusa feroz das muitas formas;
· Dhūmāvatī: a viúva inauspiciosa, a pobreza personificada;
· Bagalamukī: paralisadora de inimigos, que detém o poder da palavra;
· Mātaṅgī: aquela que não possui casta, acessível aos “sujos”;
· Kamalā: a auspiciosa deusa do lótus – Śrī Lakṣmī.

Todavia, o mistério de Śrī Kālī simultaneamente transcende e envolve todas as diferentes visões sobre sua origem.
No macrocosmos, Mahākālī é a potência feminina do tempo (kāla), que move o universo manifesto e tudo devora, e que ensina ao sādhaka (caminhante espiritual) que é somente o medo da morte o que o faz mortal. No microcosmos do corpo humano, é kuṇḍalinī śakti, a essência do alento prāṇico que dá vida à matéria, e que conecta o sādhaka à sua verdadeira natureza transcendental.
Como Dakṣiṇakālī, controla a maré de destruição que varre toda a existência, em um ato de puro discernimento divino, e que prepara o terreno para a toda a auspiciosidade trazida pela benevolente Bhadrakālī, aquela que destrói para criar através do Amor Divino, sobre o cadáver (śava) de Śrī Śiva.
A Escura Mãe (“dark mother”, como é popularmente conhecida em inglês) é a eterna energia da evolução, cujas ações gradualmente manifestam as possibilidades divinas. Demonstra que as sucessivas mortes são o caminho para a imortalidade, e que sua escuridão é o momento que precede a aurora.
Implacável e destemida, é Cāmuṇḍā, a guerreira invencível, a noite personificada. Sua nudez reflete a própria Natureza em sua essência primordial, livre de qualquer ilusão e apego. É a dissolução da dualidade entre a mais elevada forma de luz, personificando o verdadeiro Dharma, e a mais absoluta escuridão, de onde tudo emana e onde tudo se dissolve.
As cinquenta e duas cabeças em sua guirlanda representam as letras do alfabeto sânscrito, simbolizando sua sabedoria e onipotência, que reside em sua identificação mútua como Parāśakti, a mais elevada potência criativa divina, que manifesta o universo em sua totalidade, e Parāvāc, a mais elevada palavra divina, fonte de toda a linguagem universal.
Seu cinto de braços humanos decepados é o símbolo da ação do karman, pois é ela quem abençoa seus devotos cortando-os do ciclo de nascimentos e mortes. A espada ensanguentada é a força da Compreensão Divina que corta a ignorância (o ego humano distorcido), representada pela cabeça decepada. As mudrās emanam seus principais atributos, varada (a benevolência) e abhaya (o destemor).
A morada de Śrī Kālī é śmaśāna (o campo de cremação), onde ela dança e a manifestação se dissolve. Lá também são dissipados os medos e apegos, a ira, a luxúria, os mais profundos sentimentos que enredam a alma aos grilhões da avidyā (“o conhecimento espiritual equivocado”). Śmaśāna está no coração de seu devoto, que lá queima suas limitações e sua ignorância, sob a outorga da Grande Mãe Divina.
Ela se põe sobre o corpo de seu consorte pois sua refulgência coloca-o como o potencial passivo da criação. Śrī Kālikā é ninguém menos do que Śakti, a universal força feminina criadora, ativa. É a letra “i” no nome de Śrī Śiva, o que o diferencia de śava (“cadáver” em sânscrito), um corpo sem vida.
Assim, o processo devocional em honra à Śrī Mahākālī reflete a dissolução das dualidades – pois ensina que a mesma força que destrói e ilude é a potência que constrói e liberta – e a destruição de nossas tendências negativas, onde o triunfo sobre a mente representa a vitória das manifestações divinas face aos demônios da ignorância.
Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências à Śrī Bhagavan Rāmakṛṣṇa e à Suprema Mãe Divina.
Yuri D. Wolf - संकटमोचन
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